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PASTAGENS

Pecuária ainda produz menos no pasto do que poderia; sementes híbridas são o caminho

Híbridos forrageiros prometem mais matéria seca, melhor valor nutritivo e ganho diário maior, mas a adoção ainda é baixa na formação e na renovação de pastagens

Por Cássia Carolina
21 de dezembro de 2025 às 07h00
Pecuária ainda produz menos no pasto do que poderia; sementes híbridas são o caminho

FOTO: Reprodução l Wolf Sementes

A pecuária brasileira tem um desafio que está bem na base do sistema: o pasto. Mesmo com pressão para produzir mais carne e leite por hectare, e com o mercado cada vez mais atento à eficiência e à sustentabilidade, a adoção de tecnologias já consolidadas na agricultura ainda avança devagar quando o assunto é pastagem. É aí que entram as sementes híbridas como uma solução prática para destravar produtividade.

Enquanto culturas como o milho já utilizam híbridos há décadas, na pecuária a incorporação de sementes híbridas de forrageiras, como as híbridas de Urochloa (braquiárias), ainda é considerada baixa e sem dados consolidados de uso. Para Alex Wolf, CEO da Wolf Sementes, essa diferença cria uma “lacuna de eficiência” no campo. 

“Temos acompanhado excelentes resultados de produtividade em clientes que adotaram a brachiaria híbrida Mavuno. Mas a adoção deste tipo de tecnologia ainda é baixa e cria uma lacuna de eficiência justamente no momento em que o setor é pressionado a produzir mais carne por hectare e reduzir impactos ambientais”, afirma.

Por que a agricultura avançou tanto com sementes híbridas

O uso de híbridos na agricultura cresceu porque entrega resultados claros: maior produtividade, estabilidade em condições de estresse climático, melhor sanidade e retorno econômico mais previsível. Um relatório citado no release aponta que o mercado global de sementes híbridas chegou a cerca de US$ 92,8 bilhões em 2024 e pode ultrapassar US$ 190 bilhões até 2033.

Na prática, o produtor agrícola adota híbridos porque o pacote tecnológico facilita a tomada de decisão: planta, maneja e colhe com previsibilidade. Na pecuária, o raciocínio é semelhante, mas ainda falta “virar a chave” no pasto.

O problema na pecuária: pasto antigo, baixa renovação e áreas degradadas

Mesmo com ganhos comprovados em materiais mais modernos, a formação de pastagens no Brasil ainda é dominada por cultivares mais antigas. O release também cita estudos que indicam milhões de hectares em algum nível de degradação, cenário que costuma estar ligado a baixa renovação de pastos e ao uso de materiais convencionais, mesmo quando já existem alternativas mais produtivas.

Na visão da Wolf Sementes, esse quadro abre uma oportunidade direta de intensificação sustentável: melhorar o pasto para aumentar o ganho médio diário, elevar a taxa de lotação e encurtar o ciclo de abate, sem depender apenas de “aumentar área”.

A solução: sementes híbridas no pasto para produzir mais arrobas por hectare

Os híbridos de Urochloa são apontados como uma ferramenta que pode elevar a eficiência por reunir características como:

  • maior produção de matéria seca;

  • melhor valor nutritivo;

  • mais vigor de rebrota;

  • maior tolerância a períodos secos.

Na prática, isso significa um pasto com mais capacidade de sustentar animal, com melhor resposta ao manejo e potencial de transformar capim em ganho de peso e produtividade.

Caso de campo: ganho diário maior e abate até três meses antes

Um exemplo citado no release vem da Fazenda Rancho Alegre, em Auriflama (SP), que implantou a Brachiaria Híbrida Mavuno em áreas de recria e terminação. Com manejo adequado e adubação alinhada ao potencial do híbrido, o desempenho superou a média histórica da propriedade.

Na terminação, os animais chegaram a 1,25 kg de ganho diário, cerca de 25% acima do desempenho anterior. Na recria, o ganho médio diário alcançou 0,76 kg, ajudando a antecipar o abate em aproximadamente três meses, segundo o material. O híbrido também formou um pasto mais denso e uniforme, permitindo elevar a lotação sem perder desempenho.

Próximo passo da pecuária: eficiência no pasto com base técnica

A empresa afirma que tem atuado junto a revendas, distribuidores e apoiado centros de pesquisa e universidades para ampliar o acesso à informação técnica sobre híbridos forrageiros. Para Alex Wolf, o objetivo é mostrar, com base científica, que híbridos são ferramentas para produzir mais por hectare e recuperar áreas. “Nossa visão é que a expansão das cultivares híbridas representa não apenas a adoção de mais uma tecnologia, mas a próxima fronteira de competitividade da pecuária tropical”, completa.

Com a pecuária buscando mais produtividade e sustentabilidade, o recado da cadeia é direto: se o pasto é a base do sistema, modernizar essa base com sementes híbridas pode ser o caminho mais curto para colocar mais arrobas e mais resultado dentro da porteira.