ANÁLISE

Pressão inflacionária deve impactar produção global de suínos, diz banco

A produção de suínos no Brasil está sendo afetada pelo estreitamento das margens, segundo o relatório do Rabobank

Por Agência Safras
12 de abril de 2022 às 17h05

Em relatório com projeções para o segundo trimestre de 2022, o Rabobank indicou que a pressão inflacionaria deve renovar o foco da indústria de carne suína na eficiência, muito embora possa haver uma desaceleração no crescimento do setor.

Os retornos financeiros dos produtores serão desafiados pelo aumento dos custos – incluindo alimentação, energia, frete, saúde do rebanho e despesas trabalhistas. “Espera-se que o crescimento da produção desacelere, assim como o comércio global”, destaca o Rabobank.

leitão em granja de suíno

Suínos. Foto: Wenderson Araujo/Trilux/CNA

O banco holandês acrescenta que permanece uma incerteza sobre como os consumidores responderão quando os custos mais altos forem repassados.

Os custos mais altos de alimentação e energia devem pressionar as margens dos produtores. Além disso, uma safra decepcionante na América do Sul e a incerteza na exportação de grãos do Mar Negro estão exacerbando uma oferta global de ração já apertada, aumentando os custos de ração em 20% no comparativo anual. “Os produtores se concentrarão em eficiências e limitarão o crescimento do rebanho, com declínios esperados em regiões com problemas financeiros, incluindo Reino Unido, Alemanha e Sudeste Asiático”, destaca.

A demanda por parte dos consumidores deve seguir mistas. “As vendas de carne suína continuam altas nos Estados Unidos e na Coreia do Sul, que emergiram das restrições da pandemia, enquanto as vendas ficaram para trás em países como China, Japão e México, que ainda estão lutando com restrições gastronômicas relacionadas a Covid-19 e com um crescimento econômico mais fraco.

O Rabobank espera que o alto custo da carne suína possa limitar a demanda no segundo semestre de 2022, apesar da melhora no consumo doméstico e das alternativas às proteínas de alto custo. “Espera-se que o comércio global de carne suína em 2022 diminua, impulsionado por tendências econômicas mais fracas e pela ampla oferta. As exportações mais lentas do primeiro semestre de 2022 provavelmente continuarão, já que os compradores permanecem cautelosos devido à incerteza econômica global e à carne suína de alto custo”, sinaliza o banco.

Segundo semestre de 2022

  • Avanço da colheita da safrinha no Brasil e o avanço do cultivo do cereal na China, União Europeia e Estados Unidos
  • Desenvolvimento de políticas que poderão impactar a disponibilidade de alimentos e/ou os mercados
  • Desenvolvimento da Covid-19 e de restrições que podem impactar os maiores países produtores e consumidores
  • Surtos de doenças animais, incluindo perdas adicionais com a peste suína africana
  • Resposta dos consumidores à carne suína de custo alto e o custo e a disponibilidade de proteínas concorrentes
  • Deslocamento da oferta e demanda como resultado da guerra entre Rússia e Ucrânia.