PASTAGEM

Projeto da Embrapa recupera pastagens degradadas

Enxadas químicas e a máquina Campo Limpo serão utilizadas para a aplicação seletiva de herbicidas em plantas indesejadas

Por Redação Canal do Criador
05 de julho de 2021 às 12h31

A Emater/RS está recebendo exemplares de enxadas químicas que serão utilizados em um trabalho de recuperação de pastagens degradadas da Área de Proteção Ambiental (APA) do Ibirapuitã. A recuperação das pastagens faz parte de um projeto mais amplo que está sendo implementado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e para essa ação estão sendo utilizados os conceitos do Método Integrado de Recuperação de Pastagens (Mirapasto), desenvolvido pela Embrapa Pecuária Sul.

O Mirapasto melhora o potencial produtivo e reverte a degradação das pastagens, aumentando a diversidade florística, sem a necessidade de mobilização do solo ou da dessecação total da vegetação. O método baseia-se em quatro pilares de manejo: controle seletivo de plantas indesejáveis, correção e manutenção da fertilidade do solo, introdução de espécies forrageiras de inverno e de verão e controle da oferta de pasto.      

De acordo com o pesquisador da Embrapa Pecuária Sul, Naylor Perez, as enxadas químicas e a máquina Campo Limpo serão utilizadas para a aplicação seletiva de herbicidas em plantas indesejadas, principalmente o capim-annoni. Segundo Perez a aplicação seletiva de herbicida já existe há bastante tempo, mas a Embrapa desenvolveu um modelo de produção caseira da enxada química a baixo custo e de fácil montagem. Com a utilização de materiais como canos de PVC e cordas de polipropileno o equipamento é ideal para uso em pequenas propriedades, em áreas de pastagem ainda com pouca presença de plantas indesejáveis e para repasse, complementando o uso do aplicador mecanizado Campo Limpo, também desenvolvido pela Embrapa.

A área que passará por recuperação nessa primeira etapa é de cerca de 3 mil hectares, abrangendo propriedades que se encontram dentro da APA e que mantêm um sistema de produção conservacionistas. Segundo Naylor Perez, que participa da câmara técnica do projeto, a Embrapa foi procurada ainda na elaboração do edital que selecionou empresas e entidades para o trabalho de recuperação, em decorrência da tecnologia do Mirapasto. “A ideia é utilizar as práticas e procedimentos preconizados pelo Mirapasto na recuperação de áreas invadidas pelo capim-annoni que, junto com o javali, são as principais causas de degradação na Unidade de Conservação. O Mirapasto é uma metodologia que tem demonstrado muita eficiência na recuperação de pastagens nativas degradadas dentro do bioma Pampa”, ressalta o pesquisador.

A Área de Proteção Ambiental do Ibirapuitã é uma Unidade de Conservação Federal Brasileira da categoria “Uso Sustentável”, administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio). Criada em 1992, possui uma área de 370 mil hectares com grande riqueza da biodiversidade, beleza paisagística e importância histórica. A área protegida engloba desde a porção superior da Bacia Hidrográfica do Rio Ibirapuitã, e ao sul a fronteira internacional Brasil-Uruguai.

A recuperação integra o Projeto Estratégias de Conservação, Restauração e Manejo para a Biodiversidade da Caatinga, Pampa e Pantanal (GEF Terrestre) atuando nos três biomas com menor representatividade no Sistema Nacional de Unidades de Conservação. A iniciativa tem como parceiros e órgãos estaduais, sob coordenação técnica do Ministério do Meio Ambiente. Os recursos financeiros para o seu desenvolvimento são do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), que tem o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) como agência implementadora e o Funbio como executor financeiro.

Fonte: Embrapa Pecuária Sul