MERCADO DO BOI
Sebo bovino ganha força na indústria e puxa demanda com produção recorde no Brasil
Setor registra avanço histórico na produção e no uso do sebo bovino no biodiesel, abrindo novas oportunidades ao pecuarista

FOTO: Reprodução l Linkedin
A produção de sebo bovino segue em trajetória ascendente e reforça seu peso estratégico dentro da cadeia pecuária. Segundo levantamento divulgado nesta segunda-feira (8/12) pela Scot Consultoria, o Brasil registrou 806,8 mil toneladas do insumo no primeiro semestre. Para o segundo semestre, a estimativa é ainda maior: 896,9 mil toneladas, avanço de 11,2% e um recorde histórico.
Além do volume expressivo, o uso do sebo bovino na produção de biodiesel vem crescendo de forma consistente. Entre janeiro e outubro, o consumo destinado ao biocombustível alcançou 524,4 mil m³, aumento de 7,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. No acumulado até outubro, a indústria brasileira produziu 8,1 milhões de m³ de biodiesel, avanço de 7,3% frente a 2024. Desse total, 6,5% teve o sebo como matéria-prima, participação que saltou para 9,5% apenas em outubro.

Evolução do volume de sebo bovino (mil m³) para biodiesel no período de 2023 a 2025. Fonte: ANP / Elaboração Scot consultoria
A destinação do insumo para o biodiesel também se intensificou no segundo semestre. A parcela do sebo bovino voltada ao biocombustível subiu de 28,8% no primeiro semestre para 39,0% no período seguinte. Nos meses mais recentes, o crescimento foi ainda mais expressivo: 36,0% em agosto, 45,4% em setembro, 50,4% em outubro e estimativa de 55,6% para novembro, considerando a sazonalidade.

Participação do sebo bovino na fabricação de biodiesel no biênio 2024-2025. *Estimativa para novembro de 2025. Fonte: ANP / Elaboração Scot consultoria
Impacto ambiental e vantagens competitivas
Além da valorização no mercado, o sebo bovino se destaca pelo impacto ambiental positivo. O biodiesel produzido a partir do insumo emite 23 vezes menos Gases de Efeito Estufa (GEE) quando comparado ao diesel fóssil. Em relação ao biodiesel de óleo de soja, as emissões são sete vezes menores, reforçando o papel ambientalmente estratégico do produto.
Essas vantagens fortalecem a posição do Brasil na transição energética global e ampliam a competitividade do produtor rural, que passa a ter um insumo cada vez mais demandado e valorizado pelas indústrias.
Regulamentação impulsiona demanda até 2030
A partir de 2026, a Lei dos Combustíveis do Futuro projeta uma expansão contínua do teor de biodiesel misturado ao diesel comercial. A mistura passará de B15 para B16, com aumento de um ponto percentual ao ano até B30. Esse avanço estrutural amplia a procura por matérias-primas e abre espaço para uma participação ainda maior do sebo bovino na matriz energética brasileira.
Com produção recorde, demanda aquecida e um cenário regulatório favorável, o sebo bovino consolida-se como um coproduto estratégico para a pecuária. A combinação entre ganho ambiental, uso crescente no biodiesel e projeções de mercado robustas coloca o insumo como um dos motores de sustentação da cadeia produtiva nos próximos anos.



