CRISE

Seca histórica ameaça agricultura na Argentina e Uruguai

O ministro da Pecuária, Agricultura e Pesca do Uruguai, Fernando Mattos, explicou que o país está em situação de emergência devido à seca

Por Agência Safras
24 de outubro de 2022 às 18h04

O ministro da Pecuária, Agricultura e Pesca do Uruguai, Fernando Mattos, explicou que o país está em situação de emergência devido à seca.

Ele anunciou que mais de 350 milhões de pesos serão liberados do fundo para esta emergência, para ajudar pequenos produtores familiares ou com menos de 500 hectares.

Mattos mencionou que os dados comparativos de 2021 mostram que há um déficit hídrico mais acentuado em um momento complexo, já que a primavera é a estação do desenvolvimento vegetativo.

Da mesma forma, que é o terceiro ano consecutivo que se decide declarar a emergência agrícola, e que em 2021 abrangeu 12 milhões de hectares e mais de 1.500 produtores.

Por outro lado, considerou que é um processo cumulativo, não há disponibilidade de umidade no solo e as águas subterrâneas para irrigar a fazenda se afastaram, principalmente em Montevidéu,
Canelone e São José.

Seca na Argentina

A seca na Argentina se agravou e está afetando 70% das áreas pecuárias, onde na maioria das áreas de criação, após três, quatro ou cinco meses sem chuva, o estado dos campos é muito ruim, com as vacas perdendo condição corporal.

A maioria das vacas estão com bezerros recém-nascidos e, segundo o consultor Ignacio Iriarte, da Federação das Indústrias de Processamento de Carnes Regionais Argentinas (FIFRA), a procriação também fica comprometida.

Iriarte ressalta que é preocupante o declínio do estado corporal das vacas, mas também o estado precário dos bois.

“Certamente haverá um atraso no atendimento, e muito provavelmente um peso ao desmame menor no próximo outono (15 a 20 kg), estimando-se que se a seca continuar por mais 30-40 dias, os percentuais de prenhez cairão significativamente”, explica.

O consultor explica que tanto criadores quanto recriadores começaram, há várias semanas, a se desfazer da fazenda, multiplicando os leilões, que estão comercializando entre 70 a 80% mais gado do que há um ano.

“A situação é complicada pelo fato de que a maioria das áreas de invernada também são muito pobres em forragem, e que os confinamentos sofrem perdas de 5 a 8 mil pesos, por animal e por ciclo de engorda”, acrescenta.

O analista explicou que se as chuvas chegarem apenas em janeiro-fevereiro, como muitas previsões arriscam, o efeito da estação seca na produção futura de carne bovina será muito importante.

“Onde a estação seca for interrompida e as vendas antecipadas terminarem, haverá – como em oportunidades anteriores – uma retenção vigorosa, com queda na oferta de gado e uma recuperação (parcial) dos preços”, disse.