MEIO AMBIENTE E PRODUÇÃO
Jornada Diálogos pelo Clima chega ao fim e aponta caminhos para um agronegócio mais sustentável
Em evento final da jornada pelos biomas, Embrapa e líderes do setor defendem a recuperação de pastagens e tecnologias de baixa emissão como estratégias para o pecuarista aliar produção e conservação
FOTO: Divulgação l Embrapa
A jornada do Diálogos pelo Clima, iniciativa da Embrapa que percorreu todos os biomas brasileiros, chegou ao seu destino final nesta quarta-feira (8/10), em São Paulo (SP), com um recado claro para o produtor rural: a pecuária sustentável é a protagonista na solução dos desafios climáticos na Mata Atlântica. O encontro, que reuniu as maiores lideranças do setor, serviu para consolidar uma visão que será levada em uma carta à presidência da COP30: o pecuarista brasileiro é parte essencial da solução.
Ao abrir o evento, a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, deu o tom que todo produtor reconhece, o da responsabilidade e da ação. “Nós, que trabalhamos na agricultura, precisamos ser parte da solução climática. Essa é a nossa missão”, afirmou, lembrando que o planeta já sente os efeitos do aquecimento. Para ela, o caminho passa pela tecnologia que já está no campo, como o melhoramento genético de animais, que reduz em até 75% as emissões de metano, e os sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), capazes de sequestrar carbono e aumentar a produtividade.
A grande oportunidade: recuperar pastagens degradadas
O ponto alto para o pecuarista veio na fala do ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, enviado especial da COP30. Ele reforçou que a solução não está em abrir novas áreas, mas em otimizar o que já existe. Rodrigues destacou o potencial de aproveitar 40 milhões de hectares de pastagens degradadas no Brasil.
Roberto Rodrigues e Júlio Cargnino, diretor-presidente do Canal Rural. FOTO: Divulgação l Embrapa
“Desses, 20 milhões poderiam ser destinados a sistemas integrados de produção de soja, milho e pecuária, gerando energia, proteína e renda”, detalhou. A proposta representa uma virada de chave, transformando um passivo ambiental em um dos maiores ativos da pecuária nacional, aliando intensificação produtiva com ganhos ambientais claros.
Rodrigues também fez questão de separar o produtor que trabalha direito de quem está à margem da lei, uma defesa importante para a imagem do setor. “O agro não admite desmatamento ilegal, invasão de terras ou incêndio criminoso. Isso é crime, e crimes devem ser punidos. Esses episódios mancham a imagem do setor”, declarou, defendendo uma narrativa unificada do agronegócio para a COP30.
Brasil como provedor de soluções para o mundo
A visão de que o Brasil tem as soluções, e não os problemas, foi reforçada por Ana Toni, secretária nacional de Mudança do Clima. Segundo ela, o mundo ainda desconhece o potencial da agricultura tropical e regenerativa desenvolvida aqui. “O Brasil é um provedor de soluções climáticas, não apenas no campo da energia ou das florestas, mas também da agricultura. Temos tecnologias únicas, desenvolvidas pela Embrapa e parceiros”, afirmou.
O resultado final do Diálogos pelo Clima é a certeza de que a pecuária brasileira chegará à COP30 com uma pauta sólida e inovadora. As tecnologias para uma produção de baixo carbono, a recuperação de pastagens e o papel do produtor como um gestor ambiental serão mostrados ao mundo na “Casa da Agricultura Sustentável (Agrizone)”, o espaço da Embrapa na conferência. A mensagem está clara: o futuro da produção de carne é sustentável, rentável e protagonista no equilíbrio do clima.