MERCADO

Pecuária brasileira é menos vulnerável aos efeitos da guerra

Produção extensiva e menos dependente de suplementação pode aumentar a competitividade numa escala mundial

Por Redação Canal do Criador
08 de março de 2022 às 16h00

Depois de quase duas semanas de confronto entre Rússia e Ucrânia, os impactos foram diferentes para cada setor da pecuária. Enquanto a produção de frango, suíno e leite sofrem com o aumento dos insumos, os produtores de corte se veem diante da oportunidade de aumento da competitividade perante o mercado global.

De acordo com a especialista Lygia Pimentel, da Agrifatto, a pecuária de corte será menos afetada pela alta dos grãos, pois temos um modelo extensivo e abundante em pastagens. “A menor dependência da produção brasileira de suplementação pode aumentar a competitividade do país perante seus pares globais”, afirma.

Para quem opta por algum tipo de suplementação, a disparada do preço dos grãos pode ser um problema. No caso dos produtores que atuam com o modelo de produção intensivo, o milho utilizado na alimentação do gado representa de 20 a 30% dos custos de produção. Já na avicultura, o cereal corresponde a cerca de 65% a 75% dos custos de produção, enquanto na suinocultura fica em torno de 60% a 70%. 

Apenas para se ter uma ideia do impacto da guerra entre Ucrânia e Rússia para o mercado mundial de grãos, ambos os países juntos são responsáveis por cerca de 19% do milho comercializado globalmente. Com as exportações suspensas e o futuro incerto da produção, o cereal teve a maior alta desde 2012. 

Para a cadeia de corte, mesmo com o cenário de guerra, há uma oportunidade para aumentar a competitividade e se valorizar no mercado mundial. Existe uma tendência de crescimento da demanda externa, principalmente da Europa, pela carne brasileira, o que dá margem de lucro aos produtores, compensando a elevação dos custos de produção.

Já em relação à pecuária leiteira, Lygia traz uma dica para o produtor se proteger contra o aumento dos insumos, que é lançar mão de instrumentos de hedge, em especial com relação ao milho, o que supre o fato do negócio atender somente o mercado interno e não ter a exportação como uma alternativa de aliviar os custos de produção.