Com falta de gado em MT, frigoríficos podem fechar, diz sindicato
A falta de animais para o abate pode paralisar as atividades em alguns frigoríficos de Mato Grosso, o maior produtor de carne bovina do país. O alerta é feito pelo presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Mato Grosso (Sindifrigo-MT) Paulo Bellincanta.
Em nota divulgada nesta segunda, 16, o sindicato lembra que a arroba do boi, com atraso de anos, atingiu os patamares dos preços internacionais e permanecerá neles. Este fato exigiu o ajuste no preço da carne para o mercado interno, o que ocorreu de maneira muito rápida em um momento em que a economia sofre com a realidade da pandemia.
- Boi gordo: aumento na oferta de animais começa a reduzir ociosidade nas indústrias no RS
- Boi: tendência é de acomodação nos preços da arroba no curto prazo
“São hábitos e costumes enraizados em nossa cultura e que precisarão se adaptar. A dura realidade da falta de matéria-prima para os frigoríficos tem trazido sérios problemas para o setor. Soma-se à ociosidade, que tem batido recordes a cada ano, o fator dos preços do produto final para o consumidor. O desequilíbrio entre a exportação e o mercado interno tem provocado um desequilíbrio maior ainda entre empresas exportadoras e não exportadoras”, afirma Bellincanta.
O presidente do sindicato aponta que, do outro lado do consumo está o produtor do “boi”, concorrendo com o produtor de grãos que fatura 5 ou 6 vezes mais que ele e que não perde oportunidade de assedia-lo para alugar suas terras.
“Ao longo de anos, o rebanho brasileiro veio se desgastando com o abate de matrizes e novilhas redundando neste momento em uma grave diminuição de oferta. Espera-se uma melhora do quadro uma vez que com preços melhores, muitas destas matrizes antes destinadas ao abate começaram a ser novamente destinadas à cria”, pontua o dirigente.
Segundo destacou o sindicato, as 33 indústrias frigoríficas instaladas em Mato Grosso trabalharam em 2020 com apenas 58,57% de capacidade. Do ano de 2018, os frigoríficos abateram cerca de 5.310.000 animais, arrecadando R$ 297 milhões, saltando no ano de 2020 para R$ 432 milhões, com apenas 5.126.000 animais abatidos.
O presidente do Sindifrigo explica que, “mesmo com a redução no número de abate, a arrecadação aumentou em 45%, em decorrência dos preços maiores. Bons números a serem comemorados, se não fossem os problemas que atingem a indústria no estado”.
A nota do sindicato diz que a falta da matéria prima traz uma concorrência entre os pequenos frigoríficos com difícil solução no curto prazo. A volta da oferta, a níveis em que as empresas retomassem sua capacidade instalada entre 75% a 80%, poderia tornar a concorrência mais equilibrada.
“A realidade, porém, está muito distante e neste momento se faz urgente uma ação governamental para amenizar e permitir que as pequenas empresas atravessem este período sem danos maiores. Danos que poderiam atingir de pecuaristas a trabalhadores. O Estado pode e cabe a ele a responsabilidade social de auxiliar uma determinada atividade, atingida por fatores externos, para que ela possa buscar novamente um equilíbrio. Evitar hoje uma quebradeira em cadeia dominó é mais que uma opção, é uma urgência inteligente de quem quer que o setor não tenha prejuízos irreversíveis”, alerta Bellincanta.
Segundo o Sindifrigo, os frigoríficos empregam hoje no estado 25.560 colaboradores diretos e movimenta um número incontável de atividades paralelas. Algumas cidades no interior têm no frigorífico sua maior renda e emprego, girando em torno dele comunidades inteiras. “Em muitos governos fomos chamados a sermos parceiros e nunca nos ausentamos de nossas responsabilidades, desejamos que nosso pleito de ajuda não seja visto apenas por meio de números em planilhas de gabinetes, mas que leve em conta nossa história que se entrelaça ao setor pecuário de Mato Grosso”, analisa Paulo Bellincanta.
VEJA TAMBÉM
Milho: safra 2021/22 em Mato Grosso deve totalizar 39,6 mi de toneladas
Considerando que o panorama atual do milho em Mato Grosso para a safra 2021/22 não apresentou grandes alterações ante a estimativa anterior, o Imea manteve –
Leia MaisVolume de carne suína exportada bate recorde e cresce 29% em setembro
As exportações brasileiras de carne suína (incluindo todos os produtos, entre in natura e processados) totalizaram 112,2 mil toneladas em setembro, recorde histórico nas exportações –
Leia MaisMilho: plantio da 1ª safra 2021/22 atinge 75% da área no Paraná
O Departamento de Economia Rural (Deral), vinculado à Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, informou que o plantio da 1ª safra 2021/22 atingiu –
Leia MaisArroba do boi gordo inicia semana com forte queda nos preços
O mercado físico de boi gordo voltou a se deparar com queda acentuada nos preços da arroba na abertura da semana nas principais praças de –
Leia MaisDesafio da Pecuária Responsável recebe inscrições de projetos de São Paulo
O Desafio da Pecuária Responsável está recebendo inscrições de projetos do Estado de São Paulo. A melhor iniciativa em benefício do bem-estar animal focado na –
Leia MaisGenética bovina: laboratórios em MT poderão produzir 55 mil embriões/ano
Produtores de leite e carne e especialistas do setor de melhoramento genético bovino comemoram um marco histórico para a pecuária de Mato Grosso – o –
Leia MaisBoi gordo: valor da arroba perde mais força e chega a R$ 290 em SP
O mercado físico de boi gordo voltou a registrar preços mais baixos nesta sexta-feira, 1. Segundo o analista da Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, –
Leia MaisCarne bovina: mesmo com ausência da China, exportações do Brasil crescem 31%
As exportações de carne bovina do Brasil encerraram o mês de setembro com alta de 31,38%. No mês passado, as vendas externas do produto atingiram –
Leia MaisSem China, preço da arroba leva tombo; confira os destaques desta sexta
Boi: arroba tem forte baixa sem aceno da China, diz Safras & Mercado Milho: saca segue em alta no físico, mas tem ajustes negativos nos –
Leia MaisMapa estuda prorrogar retirada da vacinação contra aftosa em 9 estados e no DF
O fim da vacinação contra a febre aftosa no Distrito Federal e mais nove estados que compõem o bloco 4 do cronograma nacional de retirada –
Leia Mais