Produtor de leite abate vacas e reduz produção para lidar com custo alto
Em abril, o produtor de leite precisou do equivalente a 48,97 litros para comprar uma saca de 60 quilos de milho, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Essa é a pior relação de troca para o pecuarista desde janeiro de 2011. Além disso, na Média Brasil, o custo operacional da atividade registrou alta pelo vigésimo mês consecutivo, subindo 0,48% no mês passado.
Em Doutor Maurício Cardoso, no noroeste do Rio Grande do Sul, o produtor Joel Dalcin conta que chegou a investir R$ 2 milhões na atividade, produzindo 4.000 mil litros com 120 vacas na ordenha, além de empregar sete funcionários de carteira assinada. “Com a desvalorização do leite e aumento do custo, houve um desmonte nos planos. No ano passado, a nossa estratégia foi diminuir o plantel e a produção. Descartamos 30% dos animais”, diz.
O pecuarista Thiago Rodrigues, da Anicuns (GO), também precisou abater os animais por conta do alto custo. “Hoje, estamos pagando para produzir, para trabalhar. No mês passado, tive custo de R$ 2 para produzir e vendi a R$ 1,97”, comenta.
Dalcin afirma que, apesar da importância do setor leiteiro, falta sensibilidade e atitude ao governo, que pode fazer mudanças e ajudar o produtor a continuar no campo. E ele avisa: “Produtor que para com vaca, não volta nunca mais”.
- Leite: veja como baratear alimentação com alternativas da Epagri e Emater
- Produtor de leite vai a ato de apoio a Bolsonaro em Brasília pedir socorro ao setor
O comentarista do Canal Rural Miguel Daoud afirma que a situação é lamentável. Ele defende que o governo federal não pode abraçar o liberalismo do ministro da Economia, Paulo Guedes. “O leite não é uma atividade liberal, mas essencial para o país. Qualquer país do mundo incentiva e protege a produção de alimento. Não tem sentido isso”, diz. “Ministra Tereza Cristina dê um chega para lá no Paulo Guedes”.
Daoud lembra que os custos de produção aumentaram tanto que se tornou mais fácil comprar leite de outros países do Mercosul do que produzi-lo aqui.
VEJA TAMBÉM
Ovos: preços seguem em alta na maior parte das regiões
As cotações dos ovos subiram novamente nos últimos dias na maioria das praças acompanhadas pelo Cepea, operando em patamares recordes reais. Apesar da pressão exercida –
Leia MaisCarne bovina: Índia deve produzir 4,4 mi de toneladas em 2022
A China deverá produzir 4,475 milhões de toneladas de carne bovina (em equivalente carcaça) em 2022, segundo informações divulgadas pelo boletim Grain Report, de adidos –
Leia MaisAbate de ovinos cresce 40% em Mato Grosso do Sul
O abate de ovinos cresceu 40,2% em Mato Grosso do Sul em 2021. Os dados são da Câmara Setorial Consultiva da Ovinocaprinocultura, gerida pela Semagro –
Leia MaisRS produziu 10,5 milhões de suínos para abate em 2021
A Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul – ACSURS passou a disponibilizar no site da entidade, desde ontem (16), o ranking –
Leia MaisFrango: preços do vivo e dos grãos têm alta similar e de troca segue estável
Os preços do frango vivo seguem avançando, acompanhando as valorizações dos principais insumos consumidos na atividade: milho e farelo de soja. Segundo colaboradores do Cepea, –
Leia MaisBoi: Preços do boi se mantêm firmes, na casa dos R$340
Enquanto o volume de animais abatidos no Brasil em 2021 volta aos menores patamares em mais de 17 anos, as vendas externas da proteína bovina –
Leia MaisSuínos: Preços apresentam movimentos distintos
Os preços do suíno vivo vêm apresentando movimentos distintos dentre as praças acompanhadas pelo Cepea. Esse cenário se deve aos diferentes volumes de oferta dentre –
Leia MaisMT registra embarques recordes de carne bovina em fevereiro, diz Imea
Em fevereiro/22, o Mato Grosso alcançou o volume recorde de carne bovina exportada ante o mesmo período dos anos anteriores. Os principais protagonistas desse resultado –
Leia MaisConab indica plantio do milho safrinha em 87,4% no Brasil
O plantio de milho 2ª safra 2021/22 avançou para 87,4% da área estimada no Brasil, com dados recolhidos até 12 de março. Na semana anterior, –
Leia MaisAbate de bovinos na Argentina cai 4,3% em fevereiro
Em fevereiro, a indústria frigorífica argentina abateu 1,09 milhão de bovinos, o que significou um aumento de 8,6% em relação a janeiro, mas uma queda –
Leia Mais