Sustentabilidade: couro entrega produto final com 85% de origem biológica
A bovinocultura de corte é uma das principais atividades produtivas do agronegócio brasileiro e os derivados bovinos estão presentes em mais de 2 milhões de estabelecimentos, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). O couro, que é considerado um subproduto dentro da cadeia de proteína animal, além de sustentável, pode contribuir de forma social.
No mundo, de acordo com o Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil, a cada ano a indústria de alimentos produz 8 milhões de toneladas de pele bovina. A cada boi abatido, cerca de 50 quilos são de pele e, em 2020, no quesito exportações, foram comercializados US$ 976 milhões do produto, com uma queda no comparativo em relação a 2019.
“Claro que houve um forte impacto da pandemia, com redução de 15%, quando comparado a 2019, principalmente no primeiro semestre. No entanto, teve uma forte retomada no segundo semestre. Essas exportações têm um share forte para a Ásia, seguido por Estado Unidos e Itália”, disse a gerente-executiva de administração da JBS São Paulo, Gilcelli de Jesus Corchon, que vê um crescimento na arrecadação desde janeiro deste ano.
De acordo com dados do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), os principais destinos de exportação do couro do Brasil em 2020, em valores, foram China, que corresponde a 27,4% do total; EUA, com 17,5%; Itália, com 16,1%; e Vietnã, com 6%.
Produto sustentável
Quanto mais bem aproveitado esse couro, menores são os impactos para a natureza. Neste sentido, orientada pelas atuais demandas e futuros requisitos dos consumidores para o produto, a JBS Couros, maior processadora de couros do mundo, lançou em 2019, após mais de dois anos de pesquisa e desenvolvimento, o couro sustentável Kind Leather.
“Sustentabilidade é atender às necessidades das pessoas, às vontades das pessoas, às demandas, o que faz elas felizes, mas não somente para nós que estamos vivos hoje, mas para os que virão: nossos filhos, netos (…). Falando especificamente do couro de origem bovina, ele é 100% subproduto da cadeia da proteína animal, nem um boi é abatido por sua pele é uma grande desinformação quando muitas pessoas dizem que o boi está morrendo pelo couro,o que não é verdade. Por ser de origem, o produto final tem origem 85% de biológica, ou seja, ele parte de uma matéria prima biológica, natural e se aplica outros produtos no processo para que ele fique imputrescível, para que ele tenha alta durabilidade, conforto e toque, mas, no final das contas, ele ainda é de 85% de origem biológica. O que quer dizer que ele é muito natural ainda”, disse Kim Sena, gerente de Sustentabilidade na JBS Couros.
“Podemos pensar que, se não usássemos o couro, a gente teria um grande passivo ambiental no planeta, que seria como destinar toda essa pele gerada na indústria da carne. O couro, no final das contas, faz um papel de reciclagem, já que ele aproveita o que seria um resíduo”, completou Kim.
Apesar disso, a gerente de sustentabilidade explica que nem todo couro é sustentável, pois, apesar de partir de uma matéria prima natural, deve-se observar todo o processamento. “O couro já parte de origem sustentável, mas a forma como você vai produzir ele, quais produtos químicos você vai usar, como você vai tratar o afluente do seu processo, quanto você vai usar de recursos naturais como água e energia, tudo isso vai significar que seu produto é sustentável ou não”, disse.
A analista de laboratório Viviane Souza Gomes da Silva, explica que o setor dela se chama Meio Ambiente e, nele, a sustentabilidade vem criar um equilíbrio entre o que a população usa. “A gente faz o que precisa para, futuramente, não degradar os recursos naturais, para que as nossas gerações futuras possam usufruir daquilo que a gente, hoje, está usufruindo”, disse.
Segundo Viviane, o Kind Leather é o couro mais sustentável, onde se busca minimizar a questão do gasto de água e produtos químicos na própria estação de tratamento. “A gente tem todo cuidado, tratando esse afluente para que a gente possa devolver pra a natureza de uma forma que não venha degradá-la”.
Além do Kind Leather, a empresa apresenta outro fator sustentável associado à produção: o programa de rastreabilidade. Segundo Kim Sena, ele demarca a sustentabilidade do produto ainda na origem.
“A rastreabilidade para o couro é fundamental. Na verdade, as grandes cadeias de suprimentos buscam rastreabilidade e responsabilidade na cadeia. Nesse sentido, o couro como outros produtos de origem agrícola sofrem uma atenção especial. A rastreabilidade tem ganhado muita força, que é garantir que esse material seja produzido de forma mais responsável, não só na última etapa do processo para consumidor final”, disse.
Segundo Kim, esse processo tem ganhado maturidade nos últimos anos. “É um grande pilar na nossa forma de fazer couro, que é garantir que o couro que a gente venda ele tem uma identificação única de rastreabilidade que permita que ele seja rastreado, inclusive, até o grupo de fazendas que originou aquele produto na origem”, explicou.
VEJA TAMBÉM
Milho: isenção de PIS/Cofins na importação beneficiará avicultor, diz Asgav
A medida provisória n 1.701 que suspende até 31 de dezembro a cobrança da Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição –
Leia MaisMapa simplifica emissão de registros para indústrias com produtos de origem animal
O Ministério da Agricultura (Mapa) simplificou as regras para emissão de títulos de registro para os estabelecimentos que trabalham com produtos de origem animal. As –
Leia MaisCustos sobem e produtores de aves e suínos debatem alternativas para alimentação
Os custos de produção de frangos de corte e de suínos registraram novo aumento durante o mês de agosto segundo os estudos publicados pela Central –
Leia MaisMilho: oferta continua a sobressair diante da demanda do mercado
A oferta do milho continua a sobressair diante da demanda do mercado, dando sequência a pressão baixista tanto no físico quanto nos futuros do cereal, –
Leia MaisEgito deve produzir 385 mil toneladas de carne bovina em 2022, diz USDA
O Egito deverá produzir 385 mil toneladas de carne bovina (em equivalente carcaça) em 2022, segundo informações divulgadas pelo boletim Gain Report, de adidos do –
Leia MaisCarne suína perde competitividade e produtor independente sofre com custos
A competitividade da carne de frango frente à suína é a menor em nove anos, segundo cálculos feitos pelo Cepea. Em setembro de 2021. a –
Leia MaisVolume de carne bovina estocada preocupa mercado, diz Safras
O mercado físico de boi gordo registrou preços estáveis nesta quarta-feira, 22. Segundo o analista da Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, os frigoríficos foram –
Leia MaisAutocontrole é aprovado na Comissão de Agricultura da Câmara
A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira, 22, o substitutivo do deputado Domingos Sábio (PSDB-MG) ao –
Leia MaisLeite: com custos de produção elevados, oferta segue limitada
Pesquisas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) mostram que o preço do leite captado em julho e pago aos produtores em agosto –
Leia MaisBoi: movimentação interna dá maiores sinais de fraqueza
Mesmo com negócios pontuais acontecendo na praça paulista, as cotações no mercado físico do boi gordo seguem em certa estabilidade, com as referências de preços –
Leia Mais