CHANCELA DO SISBI

Frigorífico de peixes do Paraná obtém certificação que favorece venda para outros estados

A certificação foi obtida por meio de um consórcio, que reúne 30 municípios da região central do Paraná

Por Dirk Lopes, do Canal Rural Paraná
29 de janeiro de 2022 às 17h02

O frigorífico Mais Fish, de São João do Ivaí (PR), é o primeiro empreendimento a receber a chancela do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-POA), concedida pelo Consórcio Cid Centro, que reúne 30 municípios da região central do Paraná que juntos têm 600 mil habitantes. Com isso, os produtos que já eram comercializados nestes municípios poderão atender mercados em todo o território paranaense e no Brasil. Os mercados paulista e carioca já estão na visão de curto e médio prazo.

“É a coroação de uma caminhada de 30 anos. Uma oportunidade única para minha família e para todo o município de ter um produto regional, que gera emprego, renda, desenvolvimento para a região, e agora vamos poder mandar para o Brasil inteiro”, comemorou o proprietário da Mais Fish, Edilson Pini. A experiência com pescados começou em 1991 para a família Pini. Dois anos depois, a propriedade recém-comprada iniciou as atividades com foco em produção e engorda de tilápias para atender a demanda de pesqueiros. O passo seguinte foi a agroindústria.

frigorífico peixe paraná

Foto: Frigorífico Mais Fish

O empreendimento conta com 30 funcionários, entre produção e frigorífico. Com a concessão do Sisbi-POA, a planta frigorífica tem potencial para acréscimo de até 60 funcionários. De acordo com Pini, ao otimizar a capacidade plena, serão processadas de 20 a 25 toneladas de tilápias a cada 24 horas. Isso representa aproximadamente 3 mil toneladas por ano. Ou seja, mesmo que consiga aumentar a produção própria, a empresa ainda vai precisar de 2 mil toneladas anuais para manter a capacidade máxima.

“Vai precisar de muita gente produzindo peixe para poder atender a demanda do frigorífico”, anunciou o proprietário. Ele tem feito convite para que os vizinhos conheçam o empreendimento e se entusiasmem com a ideia de produzir peixes. “É oportunidade para duas, três, quatro ou até mais dezenas de produtores, oportunidade para produzir alevinos, produzir juvenis, para transporte de peixe vivo, enfim, abre oportunidade para uma grande quantidade de pessoas lidarem com essas produções.”

Atualmente, a propriedade de Edilson e da esposa, Márcia, já produz de 500 a 600 toneladas de tilápia por ano. Eles continuarão investindo 80% do tempo nessa atividade, com expectativa de implementar novas tecnologias e alcançar pelo menos 800 toneladas ou até 1.500.

Foto: Frigorífico Mais Fish

Consórcios municipais

O Ministério da Agricultura (Mapa) concedeu, em novembro do ano passado, o Título de Adesão ao Sisbi-POA a oito consórcios de municípios brasileiros, entre eles o Consórcio Cid Centro. Com isso, os produtos registrados pelos Serviços de Inspeção Municipal (SIM) vinculados a esses consórcios podem ser comercializados em todo o território nacional, após cumpridas as exigências higiênico-sanitárias. O frigorífico da Mais Fish foi o primeiro a conseguir essa certificação.

O secretário da Agricultura do Paraná, Norberto Ortigara, é um dos que já conhecem o frigorífico e seus produtos. “É um empreendimento fabuloso que já tinha o reconhecimento do município onde está instalado e de todos os que compõem esse arranjo tão importante, que é o Consórcio Cid Centro”, afirmou. “Agora poderá expandir os negócios e tornar a marca conhecida no Brasil, o que certamente trará mais renda para a família, vai gerar empregos na região, motivará outros produtores a dedicar espaço para a piscicultura e fará a economia regional crescer”.

Novos projetos

O médico veterinário do Núcleo da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab) em Ivaiporã, Carlos Eduardo dos Santos é o representante do estado no consórcio. Ele disse ao Canal Rural que a partir desse marco, outras iniciativas na região já trabalham para obter o certificado. “Acreditamos que neste ano teremos 5 a 10 novos projetos reconhecidos. A onda do consórcio com o Sisbi-POA está trazendo satisfação geral”, diz ele. A atuação de proprietários vizinhos pode iniciar uma nova cultura e ampliar a renda familiar. Além disso, agroindústrias de outros segmentos estão sendo motivadas a caminharem de forma mais acelerada para conseguir o mesmo padrão e ampliarem o mercado consumidor.

Vários frigoríficos no estado estão em reforma e ampliação. Um deles na cidade de Palmital já está vendendo o triplo de carnes para novos mercados e deve apresentar em março o pedido de reconhecimento. Outros três frigoríficos de carnes estão organizando a documentação em Rosário do Ivaí, Faxinal e Cândido de Abreu e um de Nova Tebas que produz frango caipira. Há projetos de mel, ovos e outros produtos em 15 novas agroindústrias na região, além das cooperativas que produzem alimentos para a merenda escolar. A Coacepa de Pitanga fornece carne e a Coamar de Mato Rico fornece iogurte. Em Jardim Alegre a Cocavi produz ovos caipiras.

O consórcio tem mais facilidade de garantir a boa qualidade dos produtos, visto que profissionais de um município podem ser deslocados para outro em que haja necessidade de sua atuação. “Isso gera agilidade e know-how”, diz o médico veterinário. No caso do piscicultor de São João do Ivaí, por exemplo, o município de Borrazópolis cedeu uma médica veterinária para acompanhar mais de perto e possibilitar rapidez no processo. “Os municípios fazem uma troca, um rodízio de profissionais, para que todos possam se ajudar dependendo da demanda; é uma estratégia adotada até em outros setores, como a Saúde, e que também tem dado certo na inspeção municipal”, afirmou Santos.

Para conseguir o reconhecimento Sisbi-POA há alguns pré-requisitos que devem ser cumpridos: garantir boas práticas de fabricação, ter produto de qualidade, local adequado (não importa o tamanho da planta) e serviço de inspeção municipal atuante, com análises microbiológicas e potabilidade, com visitas e registros auditáveis. “O Consórcio está mudando a cultura geral das lideranças e prefeituras, porque a demanda faz com que as coisas aconteçam”, diz Santos.